Audio brands: modismo ou nova fronteira de relacionamento para as marcas?

Por Carolina Terra e João Francisco Raposo, pesquisadores COM+

Podcasts corporativos, canais de conteúdo, CEOs influencers… a lista é vasta e as possibilidades que uma organização têm hoje de se tornar uma brandpublisher são grandes. Em um contexto de Siris, Alexas e demais assistentes que já se consolidaram e nos ajudam no dia a dia por meio da voz, surgem agora as audio brands: organizações que vêm tentando se tornar veículos de comunicação e influência em suas áreas de atuação por meio do som.

Aliás, o tema  brandpublisher tem eco nas pesquisas de Carolina Terra, pesquisadora do Com+ e professora na Faculdade Cásper Líbero, tanto em seu relatório de pós-doutorado, quanto em seu último livro, Marcas Influenciadoras Digitais. Ela trabalha o conceito das marcas como publishers, mas também as nomeia como brandcasters, isto é, organizações como disseminadoras de conteúdos e agindo como canais de informação,  entretenimento e também influência.

O recente estudo Audio brands* da JWT Intelligence traz diversas possibilidades que as marcas têm usado hoje no trabalho de reputação e relacionamento pela via do áudio/som. No caso da varejista sueca Ikea, por exemplo, um de seus recentes catálogos impressos foi atualizado para uma versão sonora, que pode ser ouvida aqui. Já no app de voz “hype” ClubHouse, a marca inglesa Ted Baker abriu uma sala para conversar de perto com seus públicos sobre cultura e moda britânica. 

Outro exemplo que se encaixa no trabalho das marcas pelo áudio: em 2020, a italiana Barilla, criou oito playlists no Spotify – de 9 a 11 minutos – para serem usadas pelos consumidores durante o tempo exato de cozimento, dependendo da massa que está sendo preparada. E em 2019, a Mastercard estreou uma identidade sonora, visando que seus consumidores se engajem e lembrem da marca em todo o mundo – seja em ambientes físicos, digitais ou de voz – com uma distinta e memorável melodia. Estratégias ousadas e que levam o trabalho de branding e de relacionamento das organizações a uma nova fronteira, agora mediada também (ou novamente?) pelo som.

O documento da JWT sinaliza ainda uma adição de recursos de áudio nas principais plataformas digitais, citando os exemplos do Facebook, com uma nova funcionalidade chamada Hotline (para lives que visem perguntas e respostas), o Twitter, com  possibilidades de salas de chat em sua interface, e uma rede de áudio a ser lançada também pelo LinkedIn, em breve.


Vivemos uma re-valorização do áudio? Seria apenas um modismo ou estamos falando de algo mais perene, que veio para ficar e alterar a relação entre as marcas e seus públicos? E se já existem audio brands, surgirão também audio influencers? Deixamos que o futuro responda. Mas como profissionais de comunicação, estamos atentos a mais essa possibilidade de atuação das organizações bastante desafiadora…

*Confira o estudo completo aqui e nos conte o que achou.

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